FRAMBOESA CRÍTICA: "Terra de Bravos"

Web novela escrita por Liz Santos e exibida pela Estúdio.Webs já tem duas semanas de exibição. O Framboesa acompanhou a trama de Liz Santos para fazer a crítica.

A primeira semana da web novela Terra de Bravos chegou com o peso das grandes sagas rurais da teledramaturgia. Desde a estreia, o leitor foi transportado para o sertão áspero e cheio de conflitos, onde os Monteiro e os Ferraz disputam terras, sangue e poder. A ambientação é um dos maiores acertos da trama: o brejo, a fazenda, o vilarejo e até os interiores simples das casas são descritos com tanto detalhe que quase sentimos o cheiro da poeira, do café fresco e da chuva que ameaça cair.

Outro ponto que chama a atenção é a construção dos personagens. Joaquim Monteiro se impõe como um vilão de respeito: frio, implacável, mas também humano quando hesita diante do filho recém-nascido. José Ferraz surge como o contraponto, um homem movido pela dor e pela necessidade de justiça. Já Alba, Lindara e Dona Eulália mostram que as mulheres dessa história não estão apenas de coadjuvantes, mas carregam dramas intensos e decisões que influenciam todo o enredo.

O romance proibido entre Miguel e Manuela aparece como uma linha delicada em meio ao peso das mortes e rivalidades. É nesse fio de amor e esperança que a novela encontra sua ternura, equilibrando um pouco o clima pesado. Há também mérito na forma como o texto inclui política e sociedade: o prefeito, o delegado, os peões. Essa presença dá a sensação de que o conflito não é apenas familiar, mas uma ferida aberta em toda a comunidade.

Mas nem tudo são acertos. A primeira semana foi marcada por um ritmo acelerado demais. A morte de Agenor, depois Lindara, e logo em seguida a queda de Joaquim, acontecem tão rápido que quase não dá tempo do público se apegar totalmente a eles. É forte, é impactante, mas pode ser perigoso se o efeito de surpresa for gasto cedo demais. Outro ponto que pesa é a quantidade de tragédias em sequência. O choque constante emociona, mas também pode cansar se não houver respiros de leveza, pequenas histórias cotidianas ou até mesmo humor para balancear.

Há ainda um detalhe que merece atenção: alguns diálogos soam expositivos, como se os personagens falassem mais para o público entender do que entre si. E os jovens protagonistas, Miguel e Manuela, poderiam ter sido explorados mais cedo, já que parecem carregar o futuro da trama nas mãos.

De forma geral, Terra de Bravos começa com nota alta. A novela tem cenários vívidos, personagens sólidos e conflitos capazes de prender quem gosta de grandes histórias de família, vingança e paixão. A crítica construtiva que fica é: a trama precisa respirar. Mais calma em certas revelações, mais espaço para desenvolver laços e dar protagonismo ao cotidiano do sertão. Assim, o público terá tempo de viver as dores, mas também as pequenas alegrias desse universo.

Se ajustar o ritmo, a produção tem tudo para se tornar um épico moderno da web novela.

Nota da web: 8,5 / 10