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FRAMBOESA CRÍTICA: “Desejos no Paraíso”

  • Foto do escritor: Portal Framboesa
    Portal Framboesa
  • 10 de out.
  • 3 min de leitura

A trama de Desejos no Paraíso se revela aos poucos como uma grande teia de emoções humanas, carregada de conflitos familiares, ambição e dores ocultas. João Vitor Alves constrói um universo que, embora ainda em desenvolvimento, já mostra potencial para se tornar uma das produções mais comentadas do gênero webnovela.


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A trama de Desejos no Paraíso se revela aos poucos como uma grande teia de emoções humanas, carregada de conflitos familiares, ambição e dores ocultas. João Vitor Alves constrói um universo que, embora ainda em desenvolvimento, já mostra potencial para se tornar uma das produções mais comentadas do gênero webnovela.


Logo no primeiro capítulo, somos introduzidos à relação intensa entre Paula e suas filhas, Clarice e Diane, que carrega um peso emocional evidente. Diane, marcada pela depressão e por um segredo sombrio, é o coração dramático da narrativa. A cena em que ela enfrenta o espelho, tomada pelo desespero e lembranças de abuso, é uma das mais fortes até aqui — crua, humana e de empatia imediata. O autor demonstra sensibilidade ao retratar um tema tão delicado sem cair no sensacionalismo.


O segundo capítulo aprofunda o tom de mistério e introduz uma nova camada social com a disputa empresarial entre Paula e a construtora Ela’ss, chefiada por Laura e Lili Paixão. Essa divisão entre o litoral humilde e a elite paulistana é um dos pontos altos do roteiro — há um claro contraste entre o calor humano do interior e a frieza calculista da cidade grande. Além disso, o final do capítulo, com a revelação de que Paula é filha ilegítima de Antônio, dá à trama um sopro de novela clássica, no melhor estilo dos segredos de família de Vale Tudo ou Laços de Família.


O quarto capítulo mostra que a história ganha corpo e emoção. Diane finalmente desabafa sobre os abusos que sofre de Gusmão, e a reação de Clarice é um dos momentos mais intensos e bem construídos da obra até agora — é ali que a novela atinge seu ponto de virada emocional. Também chama atenção a entrada de Consuelo, uma personagem carismática que traz leveza e ambição artística à história, além de contrastar com a amargura de Lili Paixão.


O autor, João Vitor Alves, tem uma escrita que lembra o estilo clássico das novelas dos anos 2000 — capítulos longos, cheios de cortes de câmera e indicação de trilhas sonoras, o que dá um toque visual forte ao texto. É possível “assistir” a história enquanto se lê, mérito que nem todos os roteiros conseguem atingir. As trilhas sonoras, aliás, são outro acerto: músicas como Simples Desejo e Blank Space dão personalidade às cenas e ajudam a compor o clima.


Por outro lado, há pontos que podem evoluir. Em alguns momentos, os diálogos soam um pouco diretos demais, sem a naturalidade que certos conflitos pedem — especialmente nas cenas mais tensas. Além disso, a trama ainda sofre com excesso de personagens e cortes rápidos, o que às vezes quebra o ritmo e faz o leitor sentir falta de foco em núcleos principais (como o de Paula e Diane, que são o coração da história). Um pouco mais de tempo para o desenvolvimento emocional entre as falas e as ações deixaria a leitura ainda mais envolvente.


Visualmente, o texto é bem estruturado, o que é ótimo. E João Vitor tem um mérito importante: consegue unir drama social, romance, crítica moral e até uma pitada de suspense, sem perder o tom de novela popular.


Desejos no Paraíso é uma webnovela promissora, emocional e com alma. Apesar de alguns excessos técnicos e diálogos que poderiam ganhar mais sutileza, o autor mostra domínio do formato e sensibilidade para tratar de temas fortes. Se mantiver o equilíbrio entre o melodrama e o realismo, a trama tem tudo para se tornar uma das mais marcantes da temporada.


Nota da web: 8,7 / 10

 
 
 

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